Representantes Gerência Administrativa do Marajó (GRM) do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-bio), da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e do Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) discutiram, nesta quarta-feira, 31, a proposta para o redimensionamento do Parque Estadual Charapucu, Unidade de Conservação Estadual localizada no arquipélago do Marajó.
O Parque foi criado em 2010, por meio de um decreto estadual, e tem uma área aproximada de 65 mil hectares. A unidade de conservação faz parte da categoria Proteção Integral, a qual não permite a utilização dos recursos naturais do espaço ou mesmo a habitação. Entretanto, segundo informações levantadas pela Gerência da Região Administrativa do Marajó (GRM/Ideflor-bio) – instância responsável pela gestão do Parque – cerca de 130 famílias ainda habitam a área.
A parceria entre o Ideflor-bio, o SPU e o Incra, instituições envolvidas nas questões territoriais da região, buscará a criação de estratégias institucionais efetivas para o redimensionamento da área do Parque e para o trabalho com as comunidades.
“Não queremos tirar as pessoas de dentro do Parque, mas sim modificar o tamanho dele, para que as pessoas possam continuar em suas terras. Para isso é preciso que as instituições envolvidas mantenham um diálogo com essas famílias, sensibilizá-las para que o processo seja feito de forma positiva”, conta Amanda Quaresma, servidora do Ideflor-bio e gerente do Charapucu.
Com o redimensionamento, a proposição é que a área excluída torne-se uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, a qual permitirá a permanência das famílias com atividades de exploração sustentável do ambiente. Nesses casos, atividades de uso direto dos recursos naturais hoje realizadas ilegalmente no território do Parque poderão acontecer, mas de forma racional e sustentável, em acordo com as normas específicas da unidade de conservação e compatíveis com o modo de vida tradicional das populações locais.
Gestão - Além da cooperação entre as três instituições, outras ações já têm sido realizadas pela Gerência do Parque a fim de propiciar as negociações sobre o redimensionamento da UC e também o desenvolvimento social e conscientização das famílias que vivem no local.
São ações de educação ambiental, que mostram a crianças, jovens e adultos a importância das unidades de conservação para a preservação da biodiversidade local; assistência técnica e capacitações que buscam munir as famílias com conhecimentos e técnicas alternativas às atividades de alto impacto ambiental. Os comunitários já receberam, por exemplo, cursos de manejo do açaí nativo, que trazem mais uma possibilidade de renda a essas famílias.
“É preciso que haja o empoderamento dessas pessoas, para que elas entendam que a existência das Unidades de Conservação é um ponto positivo, que a sociedade toda sai ganhando, principalmente as comunidades tradicionais que vivem por lá, por meio de políticas públicas que buscam o desenvolvimento dessas pessoas”, acrescenta Amanda Quaresma.
Texto: Dilermando Gadelha
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