BRASÍLIA - Advogados do PSDB pretendem pedir ao Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) a inclusão da delação premiada do ex-diretor da Área
Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró que cita a presidente Dilma Rousseff
em três ações que podem levar a Corte a cassar a chapa da petista e do
vice-presidente Michel Temer. Os tucanos também discutem se vão querer o
depoimento do próprio ex-diretor para instruir as ações do TSE.
Logo
após a revelação desse trecho da delação, os advogados do partido de oposição
começaram a avaliar o teor do depoimento e a conveniência de incluí-lo nas
ações que investigam um suposto esquema de abastecimento da campanha da
presidente com recursos desviados da Petrobrás.
O
advogado Flávio Costa, da equipe que representa o PSDB nas ações no TSE, disse
que as declarações de Cerveró estão em "consonância" com os objetivos
pleiteados pelo partido sob investigação da corte, que seria demonstrar a
existência de irregularidades no financiamento da campanha da petista. A
delação reforçaria isso. Ele explicou que não se pode incluir fatos novos nos
processos, mas, pela lei processual, é possível colocar novas provas a respeito
dos fatos já alegados nas ações.
Segundo
Costa, como nem toda a delação de Cerveró foi tornada pública até o momento, o
PSDB avalia se vale a pena esperar a divulgação para fazer o pedido ao
tribunal. Ele disse que esperar a íntegra pode levar a um atraso do processo.
Ao incluir a prova, reabre-se prazo para manifestação da defesa da chapa de
Dilma e Temer. "A tendência é pedir a inclusão da delação", afirmou
ele ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo
real da Agência Estado. Também está no radar pedir o
depoimento do próprio Cerveró para instruir as causas.
Cassação. Após
decisão do Supremo Tribunal Federal favorável ao rito do processo de
impeachment proposto pelo governo, em dezembro, o PSDB voltou a centrar
esforços na cassação da chapa pelo TSE. Se for cassada ainda este ano, haveria
a convocação de uma nova eleição presidencial direta e o presidente do PSDB, o
senador Aécio Neves, derrotado pela petista em outubro de 2014, tem despontado
como favorito em um eventual novo pleito. Se a decisão acontecer nos dois
últimos anos de mandato, é convocada uma eleição indireta.
Conforme
reportagem do Estado desta
quarta-feira, o Palácio
do Planalto teme que as declarações de Cerveró influenciem no processo de
impeachment que está em curso na Câmara. Esse movimento do PSDB, se
for concretizado, abre uma nova frente de preocupação no Planalto.
O
advogado dos tucanos ressalvou, entretanto, que a equipe está "muito
convencida" de que a delação premiada feita pelo empresário Ricardo Pessoa
e encaminhada ao TSE em dezembro é suficiente para instruir as ações. O dono da
UTC ficou calado quando foi convocado a prestar depoimento em duas ocasiões.
Na
delação, Pessoa disse ter sido orientado pelo então tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, a doar R$ 20 milhões para campanhas do PT entre 2004 e 2014. O
empreiteiro também contou que o tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição, o
hoje ministro Edinho Silva (Comunicação Social), pediu R$ 10 milhões em doações
e lembrou a Pessoa a existência dos contratos da UTC com a Petrobrás. Os
petistas negam irregularidades na operação.
Os
tucanos avaliam se, diante da crise, compensa adiar a conclusão das apurações,
o que atrasaria o julgamento do mérito delas. Um dos processos mais adiantados
pode, sem novas informações, ir a julgamento pelo TSE em maio deste ano.
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